Desde que soubemos do falecimento da professora e socióloga Teresita de Barbieri em 21.01.2018, pensamos em escrever algo, uma vez que estamos convencidas da importância de manter a memoria vida de todas, evocar vidas, palavras, ações de quem escreveu e esteve sempre ao lado de lutas intensas, boas e bonitas. Sua vasta obra ainda não foi completamente aprofundada, tendo em conta que as conquistas das mulheres ainda não alcançaram os níveis de uma plena liberação do tempo para dedicarem-se a outras atividades. Sendo assim, sempre nos falta…sentimos a perda de Teresita. É sempre penoso quando vamos perdendo as referências na forma de pensar e agir, principalmente entre mulheres.
Nascida em 1937 no Uruguai, este país que encanta a todos, Teresita de Barbieri começou a trabalhar com as questões que tergiversam as mulheres desde seu exílio durante a ditadura chilena (onde estudou na FLACSO, Faculdade Latinoamericana de Ciências Sociais), trabalhou 33 anos na UNAM – Universidade Autónoma do México.
Foi umas das pioneiras nos estudos feministas latino-americanos focando no cotidiano, nas questões reprodutivas e no laicismo é comum em seus textos uma abordagem crítica e voltada à heterogeneidade das mulheres, um feminismo das diferenças, que perpassava por duplas e triplas diferenças, mulheres negras camponesas, mulheres indígenas, trabalhadoras, etc., porém dentro de uma composição classista, já que Barbieri foi uma mulher socialista e revolucionária.
“Varios elementos pueden mencionarse para que el interés por lo
político, la política y las políticas se planteara. Sin duda han sido
importantes la expansión y maduración de los movimientos
feministas, los cambios en las sociedades, el propio desarrollo del
conocimiento que ha planteado nuevas preguntas de investigación,
cuestiones que no intentaré siquiera esbozar en este momento. Lo
cierto es que desde distintas preocupaciones se va delineando un
campo muy poco explotado hasta los años ‘80 en torno al problema
del género en la política y en lo político. El supuesto más general
sostiene que a pesar de la aparente neutralidad del Estado y de lo
político, tanto en su configuración como en su hacer éstos son
expresión del dominio masculino. Desde las definiciones de
ciudadanía hasta las prácticas concretas y más nimias, tales como los
horarios en los que se ejerce la política formal, están determinados
por la desigual relación entre los géneros. La subordinación de las
mujeres a los varones permanece anclada en instituciones normadas
por el Estado. Para su superación se requiere llevar el problema en
todas sus dimensiones al ámbito público, espacio donde se ventilan y
discuten las cuestiones fundamentales de la sociedad, en el que se
perfilan las soluciones y se diseñan los caminos para lograrlas. Esto
significa que el Estado, la política y lo político pueden ser analizados
como espacios de expresión del conflicto entre géneros.”
Neste excerto destacado, Barbieri chama atenção para a questão de gênero na política onde permanece o predomínio patriarcal, ainda que o sistema capitalista empurre as mulheres para o trabalho não retira destas o julgo das outras tarefas sociais e historicamente incumbidas à mulher, logo ela passa a ser explorada em sua própria subjetividade, como já dizia também Kollontai em 1921.
Uma existência em constante apagamento. Sempre enfatizando a luta das mulheres, Barbieri destacava o 08 de março o dia da mulher em âmbito internacional, como um dia de luta marcado por mulheres em um contexto de Guerra, um dia para reflexão onde mesmo após tantas mortes, ainda mantemos urgente a necessidade de pensar o tipo de sociedade que queremos. Uma sociedade pautada na inspiração de muitas e muitos que lutam por melhorias, por justiça e igualdade.
Este é o legado que nos deixa Barbieri, da luta como uma condição de existência diária, viva a Teresita, vivam todas as Teresitas das nossas vidas e vamos lá honrá-las, lutando.
Referências
BARBIERI, de Teresita, Certezas y malos entendidos sobre la categoría de
género. Consultado em 21.01.2018 em
<http://www.cieg.unam.mx/lecturas_formacion/genero_y_migracion/Sesion2/Te
resa_de_Barbieri_Certezas_y_Malos_Entendidos.pdf>
KOLLONTAI, A. 1921. El comunismo y la família. Consultado em 21.01.2018
em <https://www.marxists.org/espanol/kollontai/comfam.htm>
Enviado e escrito por Elaine Santos (Socióloga, Doutoranda no Centro de Estudos Sociais – CES) e Teresa Cunha (Socióloga, Investigadora Júnior no Centro de Estudos Sociais – CES), ambas de Portugal.
Nota d’as Mina na História:
Para ler mais sobre Teresita, que nasceu em 2 de outubro de 1937, e chegou a viajar várias vezes para Cuba em 59, na época de Revolução Cubana, recomendamos seu perfil no Wikipedia (em espanhol), que está repleto de informações e referências, incluindo todas as suas publicações: clique aqui.
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