A Boitempo lançou este ano o livro “A Revolução das Mulheres – emancipação feminina na Rússia soviética”, organizado por Graziela Schneider Urso. Com panfletos, atas, ensaios e artigos (alguns inéditos) traduzidos do russo para português, o livro traz a voz de 11 mulheres que pensaram a sua época.
“Os primórdios das manifestações de autoras russas a respeito da condição feminina começam a se evidenciar em escritos das décadas de 1830 e 1840, significativos em seu papel na formação de novas ideias. Já os anos 1850 podem ser considerados um marco na primeira onda do feminismo russo. O movimento avançou durante a segunda metade do século XIX, com as organizações e publicações inaugurais de mulheres, e atingiu seu ápice no início do século seguinte, em especial entre 1905 e 1917, com a intensa participação delas em mobilizações, congressos e protestos, até sua consolidação em meados dos anos 1920. Não é que antes disso as mulheres não escrevessem nem que depois suas manifestações tenham cessado, mas é a partir da década de 1850 que a expressão feminina se torna mais manifesta.” (Graziela Schneider, PAG 11)
Muito desses textos escritos há 100 anos, abordam tabus ainda atuais na nossa sociedade, como o aborto, a luta de classes, a política e as outras inúmeras formas de opressões.
“Conscientemente ou por falta de familiaridade com o assunto, os opositores e as opositoras do movimento de libertação das mulheres o imaginam como uma luta direcionada contra os homens, em geral compreendendo o feminismo como algum tipo de motim armado, uma guerra de amazonas. Quanto às suas adeptas – que têm coragem de afirmar que a questão da liberdade da mulher, assim como a de outros cidadãos, é sempre atual e que não se pode privilegiar os direitos de uma parte da população em prejuízo da outra –, os opositores declaram-nas feministas “radicais”, achando que entenderam alguma coisa.” (KALMÁNOVITCH, ANNA – PAG 18, ALGUMAS PALAVRAS
SOBRE O FEMINISMO)
Conheça a biografia dessas 11 escritoras:
1 –ANNA ANDRÉIEVNA KALMÁNOVITCH
• Nascida em Saratov, na Rússia, em data desconhecida, Kalmánovitch foi uma ativista do movimento de mulheres, considerada pela pesquisadora sobre estudos russos Rochelle Ruthchild como “a mais proeminente feminista judia”. Nos anos 1890, dedicou‐se à ação filantrópica. Após a Revolução de 1905, tornou‐se feminista radical, sendo uma das primeiras mulheres a falar publicamente sobre os direitos políticos femininos e a igualdade de gênero. Ao longo de sua vida, escreveu panfletos sobre o tema e contribuiu para os principais periódicos feministas da época, como Soiúz Jénschin e Jénski Viéstnik.
Dedicou‐se também à realização de palestras e discursos sobre a causa da mulher. Na Rússia, participou dos encontros da União pela Igualdade de Direitos das Mulheres e apresentou‐se no I Congresso de Mulheres de Toda a Rússia, em 1908, e no I Congresso de Toda a Rússia pela Luta contra o Comércio de Mulheres, em 1910. Quando se exilou na Alemanha, participou de congressos da Aliança Internacional pelo Sufrágio Feminino e do Conselho Internacional de Mulheres, ambos em Berlim, em 1904. Também falou sobre o movimento de mulheres para grupos russos em Genebra, Lausanne
e Zurique.
Seu destino é desconhecido depois da Revolução de Outubro. Apesar de não haver informações precisas sobre o ano de sua morte, seu último trabalho, uma tradução, foi publicado em 1914; no ano seguinte, há registros de sua participação na Liga da Igualdade de Direitos das Mulheres. Em 1927, um panfleto escrito por seu marido
refere‐se a ela como “falecida”.
Textos no livro:
Algumas palavras sobre o feminismo.
O movimento feminista e a relação dos partidos com ele.
2- Olga Andréievna Chapír (1850‐1916)

Uma das poucas feministas de origem camponesa, Chapír nasceu em Oranienbaum, na Rússia. Escritora, teve sua estreia literária em 1879. Seu romance V búrnye gody rendeu‐lhe elogios de Mikhailóvski e Koroliênko. Ao longo de sua carreira, colaborou com revistas como Sevêrni Vêstnik, Vêstnik Evrôpi e Rússkaia Mísl.
Em 1895, ingressou na Sociedade de Reciprocidade Filantrópica de Mulheres Russas, Onde permaneceu até 1917. Em 1905, tornou‐se membro da União pela Igualdade de Direitos das Mulheres. Em 1908, fez parte do comitê organizador do I Congresso de Mulheres de Toda a Rússia.
Segundo a professora de estudos russos da Universidade de Bath Rosalind Marsh, ela, “pelo resto de sua vida, participou de campanhas por reformas políticas e legais para mulheres”. Já de acordo com a professora de história da cultura russa Catriona Kelly, sua “descoberta do feminismo, no início dos anos 1890, […] tornou sua ficção mais aguda e concentrada”.
textos no livro:
Ideais de futuro
3- Maria Ivánovna Pokróvskaia (1852‐s.d.)
Nascida em Níjni Lomov, na Rússia, Pokróvskaia foi médica e autora de artigos populares sobre higiene, além de memorialista.
Feminista radical, fundou em 1905 o Partido Progressista das Mulheres, do qual foi líder. Em 1908, participou do comitê organizador do I Congresso de Mulheres de Toda a Rússia. Em março de 1917, fez parte da delegação que se reuniu com o príncipe Lvov para tratar
do direito da mulher de votar e ser votada na eleição para a Assembleia Constituinte, em dezembro de 1917.
Entre 1904 e 1917, editou a revista Jénski Vêstnik, que fundou. Depois da Revolução de Outubro, a publicação foi fechada. Apesar de não haver dados precisos sobre a data de sua morte, acredita‐se que ela tenha falecido em 1922.
Textos no livro:
Como as mulheres devem lutar contra a prostituição
Lei e vida
4- Liubov Iákovlevna Guriévitch (1866‐1940)

Nascida em São Petersburgo, Guriévitch se destacou como jornalista, escritora, editora,
tradutora, crítica literária e teatral. Vinda de uma família de intelectuais – seu pai, o célebre pedagogo e historiador Iakov Grigorievitch Guriévitch, foi diretor de um colégio próprio em Petersburgo e editor da revista Rússkaia chkola, enquanto sua tia, E. I. Jukóvskaia (Iliná), foi tradutora e memorialista –, estudou no curso superior para mu‐
lheres Bestújev de 1884 a 1888.
Sua estreia na imprensa aconteceu em 1887. Além de colaborar com diversos periódicos, foi editora das revistas Seviêrni Viêstnik, entre 1891 e 1898 – na qual publicou nomes como Górki, Guíppius e Sologúb –, e Rússkaia Mísl, entre 1913 e 1915. Presente no Domingo Sangrento de São Petersburgo, em 9 de janeiro de 1905, escreveu boletins sobre os eventos daquele dia que foram distribuídos ilegalmente pelo país, e seus artigos sobre o tema se tornaram referência. Ao longo da carreira, assinou com os pseudônimos L. Gorev, Elgur e El Gur.
Guriévitch foi considerada pela professora de estudos russos da Universidade de Bath Rosalind Marsh como “a jornalista mais proeminente” que “desempenhou um importante papel, inspirando críticas e jornalistas russas da geração mais jovem”. Já o estudioso da cultura russa Stanley Rabinowitz definiu‐a como “a jornalista literária mais
importante da Rússia” e uma das “mulheres mais fascinantes de sua época”. Foi prolífica também na área da literatura. Seu romance Ploskogórie – cujo prólogo havia saído no Seviérni Viéstnik, em 1895, como título Razlúka, e cuja continuação só sairia em 1897 – teve grande repercussão, assim como seus retratos memorialísticos de Leskov, Tolstói e Blok e sua vasta correspondência. No teatro, traduziu autores como Baudelaire, Maupassant e Stendhal, foi consultora literária do Teatro de Arte de Moscou e braço direito de Stanislávski.
Envolvida em atividades sociais desde o início do século XX, incentivava mulheres a escrever e a publicar. Depois da Revolução de 1905, aproximou‐se cada vez mais da questão feminina e de outros temas políticos. Tornou‐se uma das mais comprometidas ativistas da União pela Igualdade de Direitos das Mulheres de Toda a Rússia, a primeira organização política feminista russa e, posteriormente, da Liga da Igualdade de Direitos das Mulheres. Também foi membro da União da Libertação e da Assembleia de Trabalhadores Fabris de São Petersburgo. Após 1917, trabalhou em instituições teatrais de Petrogrado e Moscou, para onde se mudou em 1920.
Textos no livro:
A questão da igualdade de direitos das mulheres no meio camponês
Sobre a questão do sufrágio feminino na sociedade russa, nos ziémstvo e nas cidades
5- Nadiéjda Konstantínovna Krúpskaia (1869‐1939)
Nascida em São Petersburgo, em uma família aristocrática, foi pedagoga, crítica literária, memorialista e revolucionária. Iniciou sua atividade revolucionária nos anos 1890 frequentando círculos de estudantes marxistas e operários e logo entrou para a União da Luta pela Libertação da Classe Operária, do qual também faziam parte Vladímir Lenin e Julius Martov. Em 1896, foi presa e, em 1898, no exílio, casou‐se com Lenin.
A partir de 1903, passou a atuar no Partido Operário Social‐Democrata Russo como secretária da redação do Ískra [Faísca], jornal do partido, e, em 1905, do Comitê Central. Retornou à Rússia por um breve período, mas, após a Revolução de 1905, mudou‐se para a França, onde passou vários anos. Depois da Revolução de Outubro, tornou‐se deputada do Comissariado para a Educação, mais especificamente da Divisão de Educação para Adultos. Em 1920, assumiu o Comitê de Educação; em 1924, ingressou no Comitê Central do Partido Comunista e, em 1927, na Comissão de Controle. Entre 1929 e 1939, trabalhou como Comissária da Educação e, em 1931, entrou para o Soviete Supremo e recebeu o título de cidadã honorária. Colaborou também para a fundação do Komsomol e do movimento dos escoteiros.
Além de escrever sobre temas políticos, tratou de literatura e questões do ensino de literatura para crianças e jovens. Foi publicada no Pravda, participou da criação da primeira revista mensal soviética, Krásnaia Nov (1921), e é autora dos livros Jénschina-rabótnitsa e Naródnoie obrazovánie i demokrátia, tendo escrito também sob os
pseudônimos K. Sablika e N. Sablina.
textos no livro:
Deve‐se ensinar “coisas de mulher” aos meninos?
União da juventude
Guerra e maternidade
A trabalhadora e a religião
Comunicado às operárias e camponesas sobre a morte de Lenin
O Partido Comunista e a trabalhadora
A religião e a mulher
Sobre o Congresso das Operárias e Camponesas
Caminhos para a emancipação da mulher oriental
Prefácio para a coletânea O legado de Lenin sobre a emancipação da mulher
Apenas no país dos sovietes a mulher é livre e tem direitos iguais
6- Ekaterina Dmítrievna Kuskova (1869‐1958)

Economista, jornalista, editora e memorialista, Kuskova nasceu em Ufá, na Rússia. Essa
“mulher notável”, como a descreveu o escritor Roman Gul em suas memórias, foi marxista, feminista e ativista dos movimentos revolucionário, liberal e maçônico.
Publicada com regularidade pela imprensa, foi editora dos jornais Vlast Narôda, Tovarish e Nácha Jízn, além da revista Biêz Zaglávia. Ao longo da carreira, manteve‐se próxima de escritores como Koroliênko, Ánnenski e Górki, com quem rompeu posteriormente. Na esfera da política, tinha vínculos com o partido Narôdnoe Pravo. Em 1917, seu nome estava entre as dez mulheres incluídas na lista eleitoral da Liga da Igualdade de Direitos das Mulheres para a Assembleia Constituinte. Depois da Revolução Russa de 1917, o Vlast Narôda tornou‐se um dos polos de oposição aos bolcheviques. Em 1922, exilou‐se. Continuou colaborando com diversas publicações no exterior, como Pos-
lednie Nôvosti, em Paris, e Nôvoe Rússkoe Slôvo, em Nova York. Escreveu as memórias de figuras como Vladímir Ilítch Ulianov Lenin, em 1945, e Sofia V. Panina, em 1956. Após viver a dramática perda de seus pais, marido e filho, passou os últimos anos em Genebra.
textos no livro:
Mulheres e igualdade: a respeito do I Congresso de Mulheres de Toda a Rússia
7- Ariadna Vladímirovna Tirkóva‐Williams (1869‐1962)

Nascida em Okhta, na Rússia, Tirkóva‐Williams foi escritora, jornalista, memorialista e crítica literária, assinando também com o pseudônimo A. Verguêjski. Faz parte da chamada terceira geração de ativistas feministas russas, formada por mulheres nascidas no fim dos anos 1860 e começo da década seguinte que não eram parte da realeza
e se tornaram bem‐sucedidas na política – tais como Kollontai, Krúpskaia e Armand.
Tirkóva‐Williams trabalhou como correspondente, colaborando com o jornal Severni Krai. Amiga de diversos escritores, pensadores e políticos russos, manteve com eles extensa correspondência. No exterior, casou‐se com Harold Williams, anarquista que escrevia para o Times. Quando retornou à Rússia, participou de círculos que viriam a
formar o partido Kadet, ao qual se filiou. Membro da União das Mulheres e da Liga da Igualdade de Direitos das Mulheres, destacou‐se como grande ativista pela igualdade de direitos das mulheres. Participou, por exemplo, do I Congresso sobre a Educação das Mulheres de Toda a Rússia, entre 26 de dezembro de 1912 e 4 de janeiro de 1913. Em março de 1917, fez parte da delegação que se reuniu com o príncipe Lvov para reivindicar o direito da mulher de votar e ser votada. Ele concordou, autorizando a participação feminina na eleição para a Assembleia Constituinte, em dezembro de 1917. Embora as cédulas tenham sido destruídas pelo governo bolchevique, acredita‐se que Tirkóva‐Williams tenha sido eleita.
Em 1921, transferiu‐se para a Inglaterra, onde se tornou editora da revista Russian Life. Escreveu biografias, como a de S. V. Panina, figura importante no movimento de mulheres russo. Passou seus últimos anos de vida em Washington, nos Estados Unidos, onde faleceu.
textos no livro:
A transformação psicológica da mulher ao longo dos
últimos cem anos
8– Aleksandra Mikháilovna Kollontai (1872‐1952)
Nascida em São Petersburgo, em uma família aristocrática, foi escritora, jornalista, revolucionária e política. Estreou na imprensa em 1898; deixou vasta obra, entre artigos, memórias e ficção, também sob os pseudônimos A. Domontóvitch (seu nome de solteira), Elina Malin e Mikháilova.
Filiou‐se ao Partido Operário Social‐Democrata Russo em 1899. Após testemunhar o Domingo Sangrento na Rússia, participou da Revolução de 1905. Devido à publicação de um artigo em que conclamava os finlandeses a lutar contra a ocupação russa, foi exilada em 1908, mudando‐se para a Europa. Participou de conferências e realizou campanhas em vários países contra a Primeira Guerra Mundial.
Após retornar à Rússia, atuou no Comissariado do Povo para a Assistência Pública, em 1917, e foi a primeira mulher a ocupar um cargo no governo. Foi uma das organizadoras do I Congresso de Mulheres de Toda a Rússia; em 1919, criou, com Inessa Armand, o Jenotdiél, Departamento de Mulheres. Participou do conselho editorial da Kommunítska, revista do órgão, contribuindo com a conquista das mais avançadas leis de direitos de mulheres da época.
Crítica em relação ao Partido Comunista, colaborou, em 1921, com a fundação da Oposição Operária, que logo seria destituída. Em 1923, ela foi a segunda mulher da história a se tornar embaixadora, na Noruega, no México e na Suécia.
textos no livro:
A mulher trabalhadora na sociedade contemporânea
O dia da mulher
Na Rússia também haverá um dia da mulher!
O fracasso do lema da “paz civil”
V. I. Lenin e o I Congresso de Trabalhadoras
Relações entre os sexos e a luta de classes
Da história do movimento das trabalhadoras na Rússia
I Conferência Internacional de Mulheres Comunistas
Os sindicatos e a trabalhadora
A III Internacional e a trabalhadora
O que Outubro deu à mulher ocidental
As combatentes no dia do Grande Outubro
9- Inessa Fiódorovna Armand (1874‐1920)
Nascida em Paris, mas tendo se mudado aos cinco anos para Moscou, Armand foi feminista e política e destacou‐se por sua atuação como ativista bolchevique. Sob os pseudônimos Elena Blonina e Elena Olonina, escreveu inúmeros panfletos, em especial sobre a liberdade feminina e contra a família tradicional. Fundou, com seu marido à época, uma escola para camponeses em Eldiguino, nos arredores de Moscou, na qual lecionava. Foi filiada ao Partido Socialista Revolucionário e, depois, ao Partido Operário Social‐Democrata Russo.
Participou ativamente da Revolução de 1905; ao longo da vida, foi presa diversas vezes, sendo a primeira delas em 1907, mas escapou fugindo para São Petersburgo, em 1908, e em seguida para a Suíça e a Bélgica. Em 1911, trabalhou na primeira escola partidária para operários do Partido Operário Social‐Democrata Russo; em 1912, retornou à Rússia ilegalmente, sendo mais uma vez presa; em 1913, depois de sair da prisão, adoeceu e acabou retornando para o exterior, onde continuou seu trabalho de agitação política.
Depois da Revolução de Fevereiro de 1917, foi para a Rússia e lutou na Revolução de Outubro; em seguida, tornou‐se presidente do sovnarkhoz de Moscou (Soviet Narôdnogo Khoziáistva – Conselho de Economia Nacional). Entre 1919 e 1920, comandou o departamento de mulheres do Comitê Central do Partido Comunista (bolchevique). Colaborou com a organização da I Conferência Internacional de Mulheres Comunistas, em 1920, e participou ativamente da Oposição Operária.
textos no livro:
A trabalhadora e o Congresso de Mulheres de Toda a Rússia
O Partido Comunista e a trabalhadora
A trabalhadora no combate à contrarrevolução
A trabalhadora defende a Revolução de Outubro
As trabalhadoras e os sovietes
As operárias e as camponesas zelam pelo Exército Vermelho
As trabalhadoras na I Internacional.
10- Elena Aleksándrovna Kuvchínskaia (1874‐1928)
Historiadora, filóloga e professora, Kuvchínskaia estudou no curso superior para mulheres Bestújev e, depois de formada, lecionou em uma escola para trabalhadores. A causa operária foi constante em sua vida, sendo o tema de dois de seus livros: Bórba rabótchikh za politítcheskuiu svobódu v Ángli (1907) e Istória fabrítchnogo zakonodátelstva v Ángli (1912). Este último foi objeto de uma resenha, em 1913, na Vêstnik Evrôpi, revista petersburguesa política, cultural e literária de orientação liberal, fundada por Nikolai Karamzin. Em 1905, foi presa e exilada. Dois anos depois, participou do Congresso de Stuttgart, que contou com uma conferência de mulheres socialistas. Esteve presente também na primeira celebração do Dia Internacional da Mulher na Rússia, em fevereiro de 1913, onde discursou sobre o proletariado feminino, o capitalismo russo e as tendências do movimento socialista, que ganhava força entre a classe trabalhadora. Teve papel ativo no I Congresso de Mulheres de Toda a Rússia, sendo contrária à unificação das diferentes correntes e à criação de um Conselho
Nacional de Mulheres Russas. Depois da Revolução Russa de 1917, continuou lecionando e chegou a se tornar decana do departamento de economia da Universidade de Perm.
textos no livro:
Mulher e política.
11- Konkórdia Nikoláievna Samóilova (1876‐1921)
Nascida em Irkutsk, na Rússia, Samóilova foi jornalista, revolucionária e ativista política.
Estudou em São Petersburgo, no curso superior para mulheres Bestújev. Envolvida no movimento estudantil, em 1901 foi presa e expulsa da escola por causa da sua participação em um protesto. Em 1902, mudou‐se para Paris, ingressando na Escola Livre Russa de Ciências Sociais, onde assistiu a palestras de V. I. Lenin. Em 1903, uniu‐se à ala bolchevique do Partido Operário Social‐Democrata Russo.
Ao retornar à Rússia, atuou pela causa revolucionária sob o pseudônimo Natacha em diversos comitês do partido, em cidades como Odessa, Rostov e Moscou. Foi uma das fundadoras do jornal Pravda, em 1912, e membro do conselho editorial do Rabôtnitsa, em 1914. Além desses veículos, colaborou em outras publicações e escreveu diversos panfletos. Assinou textos com seu sobrenome de solteira, Grómova, além dos pseudônimos N. Sibiriákova, N. Sibírski e Natacha Bolchevíkova.
Teve participação fundamental na organização de eventos e congressos da causa feminista. Por meio de um comitê especial do partido em São Petersburgo, ajudou a realizar a primeira celebração do Dia Internacional da Mulher na Rússia, em fevereiro de 1913, com ativistas bolcheviques e trabalhadoras da indústria têxtil. Ao lado de Aleksandra Kollontai e Klávdia Ivánovna Nikoláievna, organizou a I Conferência de Trabalhadoras, em 1917 e, no ano seguinte, o I Congresso de Trabalhadoras de Toda a Rússia.
Também contribuiu para a formação de departamentos dedicados às pautas das trabalhadoras no partido e no governo bolcheviques, além de se dedicar à mobilização de mulheres em várias províncias e de ter atuado como delegada no VIII Congresso do Partido Comunista da Rússia.
textos no livro:
O que a Grande Revolução de Outubro deu aos operários e camponeses.
organizador: Graziela Schneider Urso (org.
orelha: Daniela Lima
quarta capa: Wendy Goldman
selo: Boitempo Editorial
páginas: 276
formato:0.00cm x 0.00cm x 0.00cm peso:349 gr
ano de publicação:2017
ISBN:9788575595381
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Leia: A revolução das mulheres: uma antologia necessária, por Daniela Lima.
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