“Beso su ombligo, y una lluvia de perseidas desboca mi quijada.
Amparo sus caderas en las palmas de mis manos y los
Violines que naufragan sus costillas entonan el Claire de
Lune más estrepitoso.”
Professora, palestrante, contista, poetiza, criadora literária, Afro Lésbica, Feminista e Porto Riquenha; essa é Yolanda Arroyo Pizarro.
Nascida em 29 de outubro na cidade de Guaynabo; Yolanda começa sua trajetória de escritora desde o colegial onde começou a ganhar prêmios de desenhos e ensaios na escola San Vicente Ferrer, onde estudou sua juventude. Criada com seus avós a vida de Yolanda sempre foi mergulhada nos seus livros de contos e muita poesia.
Em 2004 publica seu primeiro livro Origami de Letras (publicações Porto Riquenhas) muito conhecida com sua palestra sobre sua ancestralidade que tem como título “¡Y tu abuela aquí está! La magia de narrar la ancestría” pelo canal Ted Talk, tem como destaque entre os top 20 dos 160 palestrantes e um dos seus livros de muito êxito “Las Negras” que fala sobre os ancestrais e nos transporta para o mundo da escravidão, onde nos faz mergulhar na violência dos códigos da época que validavam por meio de um revogação patriarcal.
Yolanda não é só conhecida por sua escrita sobre a ancestralidade, militante declarada do movimento LGBTTIQ; nos apresenta também uma nova narrativa sobre a Poesia Lésbica/Lesboerotica como forma de reivindicação e resistência enquanto sujeito político e nos diz em uma das suas entrevistas o quanto acha importante escrever sobre a Poesia Lésbica afirmando que:
“A poesia persisti na manifestação da beleza e do sentimento por meio das palavras, a poesia lésbica deve ser a tentativa dessa beleza para despir a alma apaixonada que provoca um entorno social ou um sujeitx individuo no marco de uma realidade sexual nascida de uma mulher que se dirige até outra mulher ou mulheres. Para mim, esse desmembramento onírico, lírico e até dramático deve ser um manifesto desde as emoções e paixões que o poeta experimenta e deve anunciar a verdade que vivem em sua comunidade. No meu caso, o Afro não pode se separar do Lésbico, se bem que eu posso fazer referência a vivencias que eu tenho ao meu redor e sempre volto para núcleo, que é o que eu sou e desde então construo minha história, na serenidade dos meus versos.”
Yolanda Arroyo em entrevista para um blog “Desafiando Mitos- Acción Lésbica Feminista”
Ela também escreveu vários livros sobre a temática LGBTTIQ como Violeta(2013) Transcaribeñx (2017) Lesbianas en Clave Caribeñas (2013) Perseídas (2011) e outros dos seus livros que vocês podem encontrar na Amazon; Yolanda é publicada em 15 Países sendo eles Espanha, Equador, Gana, Reino Unido, México, Argentina, Panamá, Guatemala, Chile, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Dinamarca, Hungria e França. (Em breve no Brasil)
Conheci a poesia de Yolanda que é ímpar e desde então tenho desenvolvido esse trabalho de traduzir algumas das poesias dela; estou mergulhada nas obras e na vida de uma mulher autentica e guerreira; Em muitos momentos dentro dessa conjuntura heteronormativa e cada vez mais opressora a poesia dela tem servido de combustível para seguir lutando e reivindicando nossos direitos enquanto mulheres que amam outras mulheres, mostrando esse lado que muitas vezes nos é silenciado; e nesse mês da visibilidade Lésbica trago uma poesia dessa autora tão lutadora que leva em sua pele o orgulho de fazer parte desse movimento e lutar sobre seus direitos.
Vem e senta-se na minha língua
Deixa-me brincar com os acidentes geográficos do seu corpo
Cada uva glandular se encaixará em suas veias palpitantes
Essas que atravessam os polos, norte a sul e que desenham clarões no céu; como uma tela de estampas boreais e austrais;
Vem e agarra-se na minha língua
Remexe com suas protuberâncias nesse mar oleoso transbordado
Derrama-se ordenadamente pela minha boca, bochecha, queixo, pescoço, nuca, peito, costas e coluna
Mancha os lençóis
Da minha cama de casal
Vem e prenda-se na minha língua
Belisca-me as carnes das bochechas com suas coxas
Pressiona-me para frente e para trás
E me faça esquecer das fobias
Dos medos de um cataclismo
Do terremoto dos países tetra mundistas
Do espanto do tsunami anunciado
Da morte Afogada
Do único afogamento saudoso
O que consegue unir minha saliva ao seu gozo.
Vem e esmaga-se na minha língua
Não me deixe só
Deixe-se em pedaços na minha boca
Afasta-me o maxilar, bailarina cianótica
No violeta dos seus olhos fechados
Para aprisionar cada sensação deleitosa que prendam minhas pupilas no seu magma.
Yolanda Arroyo Pizarro (Perseídas, 2013)
Tradução: Jéssica Saraiva
Jéssica Saraiva, tem 28 anos, é feminista e graduada em Letras Espanhol pela Universidade Federal de Sergipe, participa de um grupo de pesquisa que se chama “Escrevivências de Mulheres Negras em Diáspora”onde tem esse espaço para falar do que tanto ama fazer e escrever, que é a literatura.
“A literatura desde sempre me salvou e eu particularmente acredito que ela nos salva em vários sentidos; dou continuidade a esse trabalho dando visibilidade a mulheres tão importantes que fazem parte da nossa história; Particularmente, o processo de desconstrução tem sido diário e o “Escrevivências” tem uma colaboração muito grande nesse processo, que tem contribuído muito para minha vida acadêmica e pessoal seja em nossas apresentações ou em nossos espaços de encontro. Partilhando sempre do mesmo pensamento da nossa maravilhosa Bell Hooks “A sororidade é poderosa”, levo isso sempre comigo e continuemos falando dos que nos motiva e enche o coração.”
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