11 mulheres pioneiras na política brasileira

Em tempos de retrocesso político e de um governo formado majoritariamente por homens, faz-se necessário rememorar a história daquelas que vieram antes de nós e enfrentaram com muita coragem o machismo e a desigualdade na política.

Leopoldina, a primeira mulher a governar o país.

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Leopoldina de Hambsburgo-Lorena, primeira imperatriz do Brasil, nasceu em 22 de janeiro de 1797, em Viena. Era filha de Maria Teresa de Bourbon Nápoles e de Francisco I da Áustria, rei da Hungria, da Baviera, chefe da Santa Aliança e o último dos monarcas europeus a ostentar o título de imperador do Sacro Império.

Leopoldina cresceu e se educou na corte austríaca, se interessando por ciências naturais, principalmente mineralogia e botânica. Porém, como todas as herdeiras da época, estava destinada a um casamento dinástico, que visava benefícios políticos e a preservação da monarquia.

Em 1817, tinha vinte anos quando foi confirmado seu casamento com o príncipe herdeiro português, dom Pedro. Chegou ao Rio de Janeiro na tarde de 5 de novembro de 1817. (…) Sua participação foi decisiva para a soberania do Brasil. Nos dois principais episódios históricos de 1822, ela esteve na defesa da emancipação brasileira. Em 13 de agosto, dom Pedro viajou para São Paulo,  e Leopoldina assumiu pela primeira vez a regência do país. No curto período em que ocupou o governo, exatamente em 2 de setembro, presidiu a sessão do Conselho de Estado na qual deliberou o decreto de independência do Brasil. No dia 1 de dezembro de 1822, Leopoldina foi coroada primeira imperatriz do Brasil.

Durante o casamento, Leopoldina sofreu diversas instabilidades, sofrendo com situações de humilhação, decorrentes dos romantes extraconjugais de Dom Pedro I. A primeira mulher a governar interinamente o Brasil faleceu no dia 11 de dezembro de 1826, no Rio de Janeiro.

Celina Guimarães Viana, a primeira eleitora do Brasil

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Nascida em Mossoró, no Rio Grande do Norte, em 15 de novembro de 1890, Celina lecionou na Escola Normal de Mossoró. Com o advento da Lei nº 660, de 25 de novembro de 1927, o Rio Grande do Norte foi o primeiro estado que, ao regular o Serviço Eleitoral, estabeleceu que não haveria mais distinção do sexo para o exercício do voto. Assim, nesse mesmo dia, Celina deu entrada a uma petição, que dizia: “Requer à Vossa Excelência que se digne mandar inclui-la no rol dos eleitores do município”. O juiz Israel Ferreira Nunes foi favorável. Então, Celina enviou um telegrama ao presidente do Senado Federal, para que todas as outras mulheres tivessem o mesmo direito:
Peço nome mulher brasileira seja aprovado projeto institui voto feminino amparando seus direitos políticos reconhecidos Constituição Federal. Saudações Celina Guimarães Viana. Professora Escola Normal Mossoró.” E assim, Celina entrou para a história como pioneira do voto feminino. Faleceu no dia 11 de julho de 1972, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Alzira Soriano, a primeira prefeita do Brasil e da América Latina

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Luiza Alzira Teixeira de Vasconcelos disputou em 1928, aos 32 anos, as eleições para prefeita de Lajes, cidade do interior do Rio Grande do Norte. Pelo Partido Republicano, venceu com 60% dos votos. Foi a primeira mulher da América Latina a assumir o governo de uma cidade, segundo notícia publicada na época pelo jornal “The New York Times”. Alzira exerceu o cargo por apenas um ano. Em 1930, descontente com a eleição de Getulio Vargas, ela deixou a função. Apenas dois anos depois, em 1932, mulheres conquistariam o direito de votar. Em 1947, voltou a exercer um mandato de vereadora do município de Jardim de Angicos, cargo para o qual foi eleita três vezes. Ela faleceu aos 66 anos, em 1963.
Carlota Pereira, a primeira deputada federal da América Latina

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Carlota nasceu em São Paulo, no dia 13 de fevereiro de 1892. Formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em 1926. Foi chefe do Laboratório de Clínica Pediátrica, da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1928. Ingressando na política, foi a primeira deputada federal da história do Brasil. Eleita pelo estado de São Paulo em 1934, fez a voz feminina ser ouvida no Congresso Nacional. Seu mandato foi em defesa da mulher e das crianças, trabalhava por melhorias educacionais que contemplassem melhor tratamento das mulheres. Além disso, publicou uma série de trabalhos em defesa da mulher brasileira. Ocupou seu cargo até o Golpe de 1937, quando Getulio Vargas fechou o Congresso. Em 1950, fundou a Academia Brasileira de Mulheres Médicas. Faleceu aos 90 anos, em São Paulo, no ano de 1982.

Antonieta de Barros, a primeira deputada estadual negra do país e primeira deputada mulher do estado de Santa Catarina

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Antonieta de Barros nasceu em 11 de julho de 1901, em Florianópolis, Santa Catarina. Desde os seus primeiros estudos já lecionava para o Magistério e em 1921 concluiu o Curso Normal na Escola Normal Catarinense. Ainda neste ano, fundou o Curso Antonieta de Barros, voltado para alfabetização da população carente que funcionou até 1952. No ano de 1922, fundou o Jornal A Semana, que circulou até 1927. Seus artigos, crônicas e poesias eram assinados com o pseudônimo de “Maria da Ilha”. De 1944 a 1951, foi diretora do atual Instituto de Educação. 

Sua mãe, Catarina de Barros, que algumas fontes dizem ter sido ex-escravizada liberta, enquanto outras dizem que foi lavadeira, trabalhou na casa do político Vidal Ramos, pai de Nereu Ramos, que viria a ser vice-presidente do Senado e chegou a assumir por dois meses a Presidência da República. Por intermédio dos Ramos, Antonieta entrou na política e foi eleita para a Assembleia Catarinense em 1934,  tornando-se a primeira deputada estadual negra do país e primeira deputada mulher do estado de Santa Catarina. Antonieta foi responsável por redigir os capítulos sobre educação, cultura e funcionalismo da nova Constituição do Estado. Eleita pelo Partido Liberal Catarinense, foi constituinte em 1935. Atuou na assembléia legislativa catarinense até 1937, quando teve início a ditadura do Estado Novo.

Com o fim do regime ditatorial, candidatou-se pelo Partido Social Democrático e foi eleita novamente em 1947, desta vez como suplente. Antonieta continuou lutando no campo da educação, exigindo concurso para o provimento dos cargos do magistério, sugerindo formas de escolhas de diretores e defendendo a concessão de bolsas para cursos superiores a alunos de baixa renda. Ao longo de sua vida, atuou como professora, jornalista e escritora. Publicou em 1937, “Farrapos de Idéias”, livro que assinou com seu pseudônimo. Faleceu no dia 18 de março de 1952.

O curta “Antonieta”, dirigido por Flávia Person, conta sua história, assista clicando aqui.

Eunice Michiles, a primeira senadora

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Eleita suplente do senador João Bosco Lima, em 1978, Eunice (Arena-AM) assumiu a cadeira no senado no ano seguinte, com a morte de João Bosco no início do mandato. A única mulher a ocupar uma vaga no Senado antes de Eunice foi a Princesa Isabel (1846-1921), que possuía vaga por direito dinástico durante o Império. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, Eunice reclamou da discriminação que sofria na casa: “Meu papel no Senado era ficar quietinha, me comportar como uma dama”. Lembrando que  o plenário do Senado passou a ter um banheiro para as senadoras em 2016, mais de 55 anos depois da inauguração do prédio.

Laélia de Alcantara, a primeira senadora negra

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Nascida em Salvador, 7 de julho de 1923, formou-se em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 1949.
Representando o estado do Acre pelo PMDB, em sua passagem pelo Congresso Nacional, posicionou-se contra o racismo e contra o aborto, devido à sua formação católica. Também apresentou emendas permitindo o ingresso de mulheres na Força Aérea Brasileira. Parou de atuar na Medicina e na política por razões de saúde. Morreu no Rio de Janeiro no dia 30 de agosto de 2005, de falência múltipla dos órgãos.
Iolanda Fleming, a primeira governadora

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Em 1983, ela foi eleita vice-governadora do Acre na chapa encabeçada por Nabor Junior. Em 1986, o governador deixou o cargo para disputar o Senado, e Iolanda se tornou a primeira mulher a governar um estado brasileiro.
Esther de Figueiredo Ferraz, primeira ministra de Estado

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Nomeada pelo presidente general João Batista Figueiredo, ela ficou na pasta da Educação de 24 de agosto de 1982 a 15 de março de 1985. No ministério, regulamentou a emenda que estabelecia percentuais mínimos para a aplicação na educação dos recursos arrecadados em impostos.
Luiza Erundina, a primeira prefeita de São Paulo

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Eleita pelo PT em 1989, governou a maior cidade do país entre 1989 e 1993.
Na sua gestão, elaborou ações importantes nas áreas de educação (os responsáveis pela pasta eram os educadores Paulo Freire e, depois, Mário Sérgio Cortella, reconhecidos internacionalmente) e saúde, como o aumento do salário e da capacitação dos professores da rede municipal, a melhoria na distribuição e qualidade da merenda escolar, a criação dos MOVAs (Movimentos de Alfabetização, centros de alfabetização e instrução de adultos) e a implantação de serviços de fonoaudiologia e neurologia, entre outros, nos postos da cidade, além do desenvolvimento de políticas sociais mais voltadas para a periferia.

Dilma Rousseff, primeira presidenta do Brasil

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Guerrilheira durante a ditadura militar, ela foi presa e torturada. Após a anistia, foi secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul, nos governos Alceu Colares (PDT) e Olívio Dutra (PT). No governo Lula, ocupou a pasta de Minas e Energia e a chefia da Casa Civil. Escolhida pelo ex-presidente Lula como candidata do PT, elegeu-se presidente em 2010 e foi reeleita em 2014. Sofreu um golpe em 2016.

(fonte: Schumaher, Schuma – Mulheres no poder: trajetória na política a partir da luta das sufragistas do Brasil / Schuma Schumaher, Antonia Ceva – 1. ed. – Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2015.)

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